Sabia que as áreas do cérebro activadas quando se toca de memória são desactivadas durante a improvisação? Tocar uma melodia escrita e improvisar um solo ativa diferentes regiões do cérebro.
Todos nós temos um amigo músico clássico que não consegue improvisar ou um amigo músico de jazz que não consegue ler corretamente as partituras. Acontece que ambos estão a desenvolver circuitos neurológicos diferentes.
Por outro lado, e por vezes, pode sentir-se natural e mais fácil tocar um solo previamente transcrito de uma gravação, enquanto noutras ocasiões essa naturalidade flui sem esforço para a capacidade de improvisar o seu próprio solo.
Como músico de jazz, sempre me senti fascinado (e intrigado) pela criatividade. O que é que ela é? De onde é que ela vem? Como é que a cultivamos, fortalecemos e desenvolvemos? Como é que ela funciona?
A prática melhora “memória muscular” (a capacidade de jogar sem esforço físico e sem pensar demasiado). Por outro lado, o excesso de “autocontrolo” resulta frequentemente em asfixia sob pressão.
Já todos passámos por isso: Praticar, trabalhar arduamente, dominar conceitos ou passagens complicadas, mas quando chega a altura... fazemos asneira.
Acontece que talvez só estejamos a trabalhar metade do cérebro que deveríamos.
O processo de aquisição da aprendizagem motora é um equilíbrio entre (1) a elaboração do que e como produzir um som, frase ou efeito musical desejável (prática técnica) e (2) juntar todos esses conceitos num contexto musical (prática de atuação).
A fase da prática técnica é a nossa luta para gerir conteúdos, para os compreender e para os aplicar em contexto. É a fase em que temos de pensar antes de fazer. É o pensamento analítico, teórico e prático e a execução que acontece no modo prático.
Mas também precisamos de envolver a outra parte do cérebro no processo. Precisamos de desligar o modo de pensamento focado e passar para o modo de pensamento desativado para podermos fazer ligações e começar a improvisar como um músico de jazz de classe mundial.
A fase da prática do desempenho, A música, por outro lado, é a ação automática, livre e fluida de tocar um instrumento sem a necessidade de controlo consciente de cada movimento. A música simplesmente acontece. Estamos na zona.
No basquetebol, por exemplo, podemos pensar num jogador que passa pelos movimentos, executando exercícios, aperfeiçoando as capacidades motoras de remate e os aspectos técnicos sem se envolver em situações reais de jogo em que a ação é necessária sem possibilidade de correcções ou de rodagem.
Quantas vezes nós, músicos, nos dedicamos à prática técnica, corrigindo e aperfeiçoando licks, solos e conceitos musicais, sem nos envolvermos devidamente em contextos de performance musical? No Jazz, a Jam Session desempenha um papel vital no desenvolvimento de uma pessoa, uma vez que favorece eventos musicais em tempo real que acontecem em ambientes musicais reais.
Mas podemos ir mais além transformando as nossas sessões de treino para se assemelharem a (da melhor maneira possível) todas as variáveis de desempenho em palco:
- Rituais de preparação;
- Vestir-se de acordo;
- Brincar com alguns amigos por perto;
- Jogar em ambientes ruidosos;
- Registo;
- Simulação de equipamento de palco e níveis de volume;
- A tocar durante toda a canção;
- Tocando todo o repertório.
A simulação de situações de desempenho na vida real favorece a preparação e o hábito que, com o tempo, resultam em naturalidade e facilidade para desempenhos optimizados. Por isso, da próxima vez que entrar em modo de treino, fixe-se com a intensidade inerente a uma atuação real e exigente. Irá ganhar consistência na sua forma de tocar, confiança nas suas capacidades e a emoção de atuar com regularidade.
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